Num banco de jardim vejo uma mulher e uma criança, mãe e filha suspeitei, estão muito cúmplices.
Passados alguns anos, a criança dera lugar a uma jovem adolescente linda de cabelo encaracolado acastanhado, ela e a mulher continuavam cúmplices no mesmo banco de jardim.

Certo dia a adolescente chegou a casa, a chorar, e foi para o quarto a correr. A mulher que estava na sala viu-a passar e foi atrás dela, chamando por ela, quando finalmente chegou ao quarto perguntou à adolescente o que se passava, enquanto se sentava na cama, a jovem começou a contar e a mulher fez um sinal com a mão a pedir à jovem para deitar a cabeça no seu colo. A jovem fez o que a mulher pedira e continuara a contar o que tinha acontecido, enquanto a mulher lhe acariciava o longo cabelo encaracolado.
A jovem terminou com a seguinte frase: " Porquê que eu não tenho uma relação como a tua e a do pai?"
A mulher ouvi-la até ao fim quando ela acabou a mulher apenas disse "as relações não são todas iguais”. A jovem levantou-se e respondeu:
- Não estava a dizer que quero uma igual à vossa, mas a vossa relação é tão...- fez uma pausa - nem sei como dizer...Vocês são marido e mulher, amantes, confidentes, super cúmplices e amigos, eu adorava ter metade do que vocês tem, apenas metade com alguém especial, apenas isso mãe. - Disse-o soluçando.
A mãe limpou-lhe as lágrimas e confortando-a disse:
- Vais ter metade ou mais ainda com alguém, talvez já o tenhas e não te apercebas, além disso eu e o teu pai nem sempre fomos assim, quando éramos mais novos passávamos a vida discutir (por tudo e por nada), mesmo antes de namoramos, provavelmente nunca te contei isto mas eu e o teu pai…- fez uma ligeira pausa e continuou -… não estivemos sempre juntos. Nós conhecemo-nos na escola, como tu sabes, o teu pai gostou de mim mas nessa altura eu estava apaixonada por outra pessoa e nunca lhe dei muitas esperanças, ele depois acabou por esquecer-me. Se eu o magoei? Claro que sim, mesmo que tenha feito tudo para evitar magoa-lo, não o consegui. Mas ele seguiu com a vida dele e nós ficamos amigos, muito amigos como se fossemos irmãos. Quando comecei a suspeitar que começara a ama-lo ele namorava com uma rapariga e até lhe fez uma declaração dias depois de termos tido uma discussão (mas pouco depois fizemos as pazes). Depois eles acabaram, e já que fica só entre nós nunca gostei dela.
Pouco depois ele saiu daqui, como ele te contou, e foi por volta dessa altura que lhe disse que o sentia, e ele deu-me a resposta que eu já estava a espera, mas lá no fundo tinha uma pequena esperança que ele me respondesse outra coisa.
Depois de ele ter-me dito que não gostava de mim dessa forma, cada um segui a sua vida, mas continuamos sempre amigos, falávamos dos nossos amores e desamores. Um dia ele voltou para cá e encontramo-nos várias vezes com amigos ou sem amigos à volta. A pouco e pouco a cumplicidade que tivéramos um dia voltara e o amor também.
-Mas mãe, tu não tinhas dito que vocês tinha esquecido o amor que sentiam um pelo o outro? - Interrompeu a jovem.
A mãe respondera que de facto tinha dito isso mas logo de seguida disse "Quando amamos de verdade, o sentimento nunca acaba, apenas fica adormecido, pois um amor não substitui outro.".
A jovem ficou a pensar no que a mãe dissera.
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